Editorial
Cultura e comportamento
Não foram poucas as especulações em torno de todo o cenário catastrófico que poderia existir diante de um evento de ampla magnitude, a céu aberto e com livre entrada. Um evento de povão, que trancaria as ruas e ao DP chegou até uma teoria de que haveria arrastão, aos moldes do que pior se vê em outras festas públicas do País. Não aconteceu nada disso. Pelo contrário. O que se viu foi um evento com muita gente curtindo, se divertindo e aproveitando uma oportunidade de consumir cultura e entretenimento gratuitamente. É o povo vivendo a cidade.
Não foram poucas, também, as críticas ao fato de o evento ter sido organizado com uma verba parlamentar destinada por Daniel Trzeciak (PSDB), sob o argumento de que os R$ 500 mil poderiam ser empregados em outro fim. Pertinentes, claro. Mas há também que se entender a necessidade de, mais uma vez, aproveitar espaços públicos. Mais do que a acusação de "pão e circo" em um tempo de crise grave nos cofres do Município, a situação apresentou uma oportunidade de turismo. Por muito tempo os pelotenses foram a outros lugares, como o Cassino, para curtir a virada. Dessa vez, o dinheiro permanece aqui. Outra vantagem. Embora a crítica seja justificável, já que realmente o valor poderia ter sido destinado a uma questão mais palpável, foi uma maneira de fomentar o empreendedorismo e até, de certo modo, a autoestima local.
O cenário que se encontrou na virada, com 50 mil pessoas, segundo a Brigada Militar, e nenhum registro de ocorrência grave faz com que muito seja celebrado. O primeiro diagnóstico é que o povo pelotense, mais uma vez, soube aproveitar de alma leve um evento. As especulações de arrastão e "vamos invadir", levantadas, nada mais são do que preconceitos de classe ecoados quando se faz algo voltado ao público em geral. Ou ao "povão", como costumam rotular.
Espera-se que, em outros momentos, a festa seja estruturada talvez com outras verbas, ou em uma cidade com melhores condições em outras áreas. Mas o fato é de que o Réveillon 2024 plantou uma semente de valorização cultural, em que a comunidade sempre aproveita quando lhe é oferecida a oportunidade de consumir cultura, e também de valorização do Laranjal como espaço de turismo.
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